A saúde emocional tem impacto na nossa vida, enquanto adultos, mas, também, no dia-a-dia das crianças e jovens. Devido ao desconhecimento ou a baixos níveis de inteligência emocional, deparamo-nos frequentemente com crianças em situações que requerem uma rápida intervenção, como depressão e bullying.
Muitas vezes, na maioria dos casos, encontramos crianças ou jovens com baixa autoestima, dificuldades académicas, problemas de sono e alimentação e dificuldades de relacionamento com colegas da escola, amigos ou familiares.
De acordo com Mónica Antunes, diretora pedagógica da Open Learning School, estes comportamentos sugerem que as crianças não estão mentalmente preparadas para lidar com as adversidades da vida ou que, como no caso do bullying, não revelam autoconhecimento das suas próprias emoções, nem desenvolveram as ferramentas fundamentais para viver em grupo de maneira harmoniosa.
“É essencial que exista uma cooperação entre os pais e a escola, de forma a que estes sinais sejam identificados o mais cedo possível. A abordagem deve passar por um diálogo aberto e sem qualquer juízo de valor e, em casos mais graves, se necessário, pela procura de ajuda profissional especializada”, refere.
Como cuidar da saúde emocional dos seus filhos em casa
Algumas dicas da diretora pedagógica Mónica Antunes para o ajudar a trabalhar a saúde emocional dos seus filhos num ambiente seguro e tranquilo:
Consciência emocional
Um dos aspetos fundamentais da competência emocional é o ser capaz de nomear o que se está a sentir. Para desenvolver esta capacidade, há uma atividade de reconhecimento emocional que pode ser realizada tanto em casa como na escola e consiste em tirar uma selfie à criança a reproduzir várias emoções e a mesma ser capaz de as identificar quando lhe mostramos a sua fotografia. Tal fará com que ganhe um entendimento mais profundo dos diferentes estados de espírito que sente durante o dia.
Fazer perguntas
“Porque estás triste” ou “Qual é o motivo?” são dois tipos de perguntas que são sempre úteis, não só para ajudar a criança a expressar o que está a sentir, mas, também, para validar a emoção e perceber que é normal ter estes sentimentos.
Ajudar a criança a falar sobre as emoções
Não basta ser capaz identificar o que se está a sentir. Também é importante saber expressar estes sentimentos com as pessoas que a rodeiam. Para tal, podemos pedir às crianças que descrevam aquilo que estão a sentir através de um vocabulário emocional mais diversificado. Por exemplo, em vez de apenas dizerem que estão tristes, poderão tentar explicar que estão magoadas, desiludidas ou frustradas.
Resolução de conflitos
Há uma atividade que pode experimentar sempre que exista um conflito com uma ou mais crianças, onde o adulto procurar ser um mediador e conciliador ao adotar uma postura de orientação.
O tutor acolhe o conflito, coloca-se ao nível das crianças e procura perceber o que se passou, permitindo que ambos comuniquem e tenham possibilidade de expressar o seu ponto de vista e, a partir daí, agir.
No caso de crianças com alguma maturidade emocional, é possível que ambas participem na reflexão das consequências das suas ações, ou seja, “com estas atitudes eu impactei alguém de determinada maneira e agora? O que se segue? Continuo a brincar livremente, sou capaz de alterar o meu comportamento ou, por outro lado, já é algo repetido e sistemático, pelo que preciso de me afastar para retomar o foco e a calma?” Destaque para a importância de o adulto, numa fase em que estas competências continuam em crescimento e desenvolvimento, terem de dar mais estrutura e guiar o processo, apresentando mais opções e explicando também que existem ações que não são aceitáveis, como a agressão, seja ela física ou verbal. O objetivo é que com estas perguntas o grupo chegue a soluções pacíficas e justas, por meio de uma comunicação assertiva e empática.
Limitar o acesso às redes sociais
Ter nascido na era digital não faz com que se seja imune aos malefícios associados à utilização excessiva das redes sociais. Estas plataformas podem ser bastante benéficas numa mente madura e que está preparada para as usar. No entanto, principalmente em idades pré-adolescentes, as redes sociais podem ser prejudiciais para o seu desenvolvimento e contribuir para a baixa autoestima, falta de capacidade de concentração e, em casos mais graves, depressão.
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Dar o exemplo
As crianças tendem a copiar as ações dos adultos. Por isso, é importante que, tanto educadores, como os pais deem o exemplo ao falar abertamente sobre os seus sentimentos, ao demonstrar a capacidade de trabalhar em equipa e ao ser capaz de regular a sua própria ansiedade.